quarta-feira, 24 de abril de 2013

Leitura: Perseguição, de Tânia Alexandre Martinelli


            Ontem, quando cheguei em casa, li um dos paradidáticos que fazem parte do meu trabalho. Qual não foi minha surpresa quando me deparei com uma história mais que doce, aliás, agridoce para tentar ser mais precisa.
            “Perseguição”, livro de Tânia Alexandre Martinelli, aborda um dos temas dessa fase tão apaixonante quanto dolorida que é a adolescência.
            Terminada a leitura, fiquei pensando em quantos Leos existem por aí, meninos que se calam diante da violência do bullying que sofrem. Mas, depois, me peguei pensando nos causadores dessa violência e me deu vontade de fazer algo que essa geração está precisando: umas boas palmadas na bunda!
            Queridos, se manquem! Impliquem com alguém que possa revidar, experimentem desse veneno que vocês implantam nas cabeças de alguns pobres que não conseguem – sei lá por que, mas sei sim... – se defender.       
            Aliás, se um dia eu presenciar uma cena de início de bullying meu conselho será para encarar o medo do agressor e, cara na cara, olho no olho, perguntar bem baixinho, o que ele vai querer? Qualé, mermão? Baixa a tua bola aê, rapá, que eu não vou dar bobeira não, se você vier, vai ter...
            Nem sei direito o que vai ter porque corro léguas de distância de demonstração de violência, mas eu aconselho perguntar e colocar o ser humano no lugar que lhe é devido! Meninos e meninas, não sofram como o Leo e a Malu, façam-se respeitar! E, vocês, covardes agressores, SE MANQUEM!!!

Viajar


Viajar consiste em passar horas em filas de aeroporto, esperar que as pessoas acomodem suas imensas e supostas bagagens de mão onde elas não cabem, ouvir choro de bebê em voos noturnos (tadinhos!), iludir nossos embrulhados estômagos com um comida medíocre servida no avião, dormir em posições jamais imaginadas desde que saímos do útero e em colchões de hotel que tem qualquer cheiro menos aquele que só nossa caminha tem...
...viajar não é mágico nem encantador, é real!
É um real teletransporte da nossa vida cotidiana, organizada (ou não!), previsível e cronometrada - pois com esse trânsito de Fortaleza pré-Copa impossível perder um segundo senão já viu, atraso na certa!
E viajar também é sugar a cultura dos outros e morrer de inveja e lamentação quando vemos que não somos tão patriotas (Buenos Aires, vc me dói...) ou tão organizados (Disney, que saudades de vcs!) ou de praias tão deslumbrantes que duvidamos que sejam reais (Aruba, te quiero!)....
E se o teletransporte é feito de carro ou ônibus, para uma cidadezinha linda que guarda a melhor parte da sua infância então... Bom, o coração derrete! Amo a terra onde as pedras estalam, minha querida Itapipoca!

A deusa que morre


- Ela morreu! Morreu! Morreu! Morreu...
            Acho que o seminarista gritava pela nave da igreja tentando se convencer da verdade. Mas aquilo não era possível: a deusa que, secretamente, adoravam, havia morrido.
            A camisa dele amassada para fora das calças, a calça salpicada de lama, os cabelos desgrenhados... Tudo indício de que, na cabeça dos homens da igreja, a coisa  não ia muito bem. E agora?
            Sem saber direito o quê ou como fazer, pendurou-se na corda do sino que ia do chão ao alto do campanário e começou a balançar-se. O movimento para lá e para cá, o fazia pensar nas circunstâncias do ocorrido: como teria sido? Fulminantemente? Não, não, imediatamente descartou essa hipótese, o desgaste d´Ela era velho conhecido, aliás, aquilo já era de se esperar...
            Elaborou novas hipóteses, conjecturou até mais não poder, até a cabeça arder de tanta dor de pensamento. Desabou exausto no chão, estava tonto de forçar os neurônios. Largou-se no chão e deixou-se ficar.
            - Como pode? Como pode? Por que fizeram isso com Ela? Aliás, fizemos... Vimos a coisa acontecer e não fizemos nada, então... Então, também somos responsáveis, somos cúmplices! Somos mais que isso, somos coautores!  E agora? E agora? Será o nosso fim? Será que perderemos nosso poder para sempre? Não merecemos! Não merecemos!
            As lágrimas escorriam pelo chão de mármore... Lavavam aquele chão que tantas vezes ouvira a deusa em ação...
“Oh, Deusa-Língua, Mãe-Latim, retorne do seu túmulo e nos presenteie com sua magnitude”, pediam os últimos pensamentos lúcidos que passaram pela cabeça do seminarista. Era seu último apelo!